a mulher nascida nos anos oitenta, que aprendeu a dançar kaoma antes mesmo de andar, crescida na vibe é o tcham no havai dos anos noventa, adolescente nos anos doismil e adulta desempregada no apocalipse pandêmico: é óbvio que eu faria um blog.


eu não sei mais nada de layout, html e como colocar estrelinhas que seguem o cursor do mouse, mas era assim que fazíamos blogs quando tudo aqui ainda era mato. falando em mato, eu tenho muitas plantas. e me sinto velha. por isso esse nome ridículo para um blog, mas é o que minha criatividade em crise conseguiu fazer.


sinto falta do espaço para escrever e colocar fotos sem a pressão empreendedora do instagram. minha vida atualmente tem se resumido a cuidar da casa que divido com meu parceiro, procurar emprego e fugir dos textos da faculdade. faço um suco verde pela manhã e pedalo para não enlouquecer. tudo isso cheia de alcogel e usando máscara. tenho certeza que minha analista faz um baldão de pipoca cada vez que vamos nos encontrar pela tela do celular.


as coisas do dia a dia, essas que a gente faz para manter a sanidade, ainda fazem sentido. assistir três horas de aula sobre política não. no meio dos planos de terminar a segunda faculdade, ser efetivada no trabalho enquanto não aparece um concurso público e começar a minha família com jean, teve uma pandemia. junto do coronavirus veio a surtada coletiva mundial de "seja produtiva enquanto o mundo se despedaça" e agora estamos aqui, com mais de quatrocentos mil mortos para uma doença que já possui vacina. não tem vida que dê conta, não tem estrutura psicológica que aguente.


aí sei lá, sabe? vou criar esse treco aqui, se precisar eu venho, deposito, fico.

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